“E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.” (Mateus 14.23)
Hoje quero partilhar com vocês a importância do músico cristão ter uma vida de oração, de intimidade com Deus.
Lemos na Sagrada Escritura que Jesus subiu o Monte para orar, para conversar com o Pai, mas não só para falar, para ouvir também o que o Pai tinha a lhe dizer. Esse versículo nos diz que Jesus despediu a multidão e subiu o monte para orar a parte. Jesus acolhia e pregava para multidões e talvez alguns de nós também tenhamos nossas “multidões”, o público que nos escuta, nos acompanham e que gostam de nós, da nossa música, do nosso trabalho. Após cantarmos, tocarmos, pregarmos e ficarmos com nossa “multidão”, precisamos nos apartar, nos afastar um pouco para conversar com Jesus e “recarregar as baterias”.
Gosto muito da série de livros escrita por Martín Valverde, intitulada: “Filho, antes que músico”. Um dos livros se chama: O silêncio do músico. É um convite a uma vida de oração e de escuta do Senhor. Muitos depois de após terem chegado aonde estão, escondem a escada pela qual subiram. Outros cantam o que não conhecem… cantam Jesus, suas maravilhas, seus milagres, seu amor, mas cantam um Jesus longe, distante, presente somente na Bíblia, mas não experimentam em sua vida. Agir assim é somente CANTAR, quando estamos em oração, quando nos preparamos espiritualmente para ministrar a música, vamos além, cantamos algo vivido mesmo com limitações, mas não cantamos algo vago ou distante, cantamos algo vivido e experimentado, sofrido e em constante luta, pois levar a Palavra de Deus não é fácil, supõem renúncias, carregar a nossa cruz todos os dias, mas também ter a certeza que Jesus nos dá a vitória.
O Ministro de Música é alguém que tem intimidade com o seu Senhor. É como se a música fosse apenas uma consequência daquilo que ele vive em seu dia-a-dia. Sabe quando pedem que você fale de um grande amigo(a) e você lembra tantas coisas, detalhes e momentos vividos, pos assim deve ser nossa amizade com Jesus.
Sem oração, nossa música pode ser muito técnica, muito profissional, melhores vozes, melhores instrumentos, melhores equipamentos, mas não tem unção, pode ser muito afinada, cheia de modulações e cheia de belos e harmoniosos acordes, mas não toca o coração das pessoas, não as leva a um encontro com o Senhor, e é esse um dos objetivos da música cristã, alcançar os corações e fazer com que as pessoas se aproximem mais de Deus e o amem mais.
Na verdade quando somos somente técnicos, as pessoas vão achar bonito, mas a beleza musical vai parar em nós, o mérito vai ser só nosso, quando cantamos em oração as pessoas levam consigo aquele momento como um marco, um momento único em sua vida. Voltam para suas casas renovadas por Deus, que é o único que pode fazer com que isso aconteça. Somos apenas portadores da mensagem da vida nova trazida por Jesus. Como é gratificante quando ouvimos alguém dizer: “Eu estava triste, deprimido ao ouvir aquela música tive forças para lutar, senti-me melhor e mais forte”. Sua música tem que ter esse poder, de transformar vidas, curar , salvar e libertar porque você não canta você, você canta a pessoa de Jesus Cristo que tudo pode fazer, por isso sua música deve ser cantada com poder e unção, não é uma música qualquer, mas sim é o som do Céu.
Sem oração as dificuldades da vida vão ficando cada vez mais insuportáveis, a convivência com os irmãos de ministério as vezes se desgasta, pois somos “nós” com nossas mazelas e quando o Espírito Santo não está no meio, o nosso humano fala mais alto e daí damos brechas para tantos pecados entrarem: a inveja, vaidade, ciúmes, intrigas e tantos outros… Quando estamos em oração, vamos sentir tudo isso também e muito mais, mas teremos forças para vencer e ir superando cada um dos desafios.
Sem oração nossas carências e vícios vem à tona e fica quase impossível conviver com um grupo, por isso infelizmente tantos ministérios se acabam, amizades de anos são desfeitas e o lindo plano de Deus vai por água abaixo.
E o problema não foi ambição, vaidade, egocentrismo, intransigências, etc. Tudo isso vai nos acompanhar sempre,o problema é uma vida sem oração, sem espiritualidade, vivendo sem oração damos brecha para o inimigo de Deus entrar e fazer a sua festa.
Se você quer ser um ministro de música e quer que sua música alcance o verdadeiro propósito, deve aumentar seu grau de amizade, de intimidade com Deus. São muitas as formas de crescermos nesse amor. A Santa Missa, as adorações a Jesus Eucaristico, o sacramento da confissão, os atos de amor e piedade, a Leitura da Palavra de Deus, entre tantos. Busque cada uma dessas fontes e você verá o quanto seu ministério irá crescer e amadurecer.
Deixo para vocês alguns pensamentos de Santa Faustina Kowalska, uma religiosa polonesa, que recebeu de Jesus a missão de difundir a devoção a Misercórdia. São pensamentos muito profundos e lindos sobre a oração, espero que edifique a vocês, da mesma forma que tem me edificado.
Deus nos abençoe e sigamos mesmo diante das dificuldades firmes e sempre ligados ao Senhor.
Fraternalmente,
Fabiana Paula
“É pela oração que a alma se arma para toda espécie de combate. Em qualquer estado em que se encontre, a alma deve rezar. Tem que rezar a alma pura e bela, porque de outra forma perderia a sua beleza; deve rezar a alma que está buscando essa pureza, porque de outra forma não a atingiria; deve rezar a alma recém-convertida, porque de outra forma cairia novamente; deve rezar a alma pecadora, atolada em pecados, para que possa levantar-se. E não existe uma só alma que não tenha a obrigação de rezar, porque toda a graça provém da oração” (Diário, 146).
“…a alma deve ser fiel à oração, apesar dos tormentos, da aridez e das tentações, porque em grande parte e principalmente de uma oração assim depende, às vezes, a concretização de grandes desígnios de Deus. E, se não perseveramos nessa oração, transtornamos o que Deus queria realizar através de nós, ou em nós. Que toda alma se lembre destas palavras: E, estando em agonia, rezou mais longamente”(Diário, 872).
“A paciência, a oração e o silêncio – eis o que fortalece a minha alma. Há ocasiões em que a alma deve calar-se e não lhe convém conversar com as criaturas. São momentos em que não está satisfeita consigo mesma (…) nestes momentos vivo exclusivamente pela fé…” (Diário, 944).
“O silêncio é como a espada na luta espiritual (…) A alma recolhida é capaz da mais profunda união com Deus, ela vive quase sempre sob a inspiração do Espírito Santo. Deus opera sem obstáculo na alma silenciosa” (Diário, 477).
“Devemos rezar, muitas vezes, ao Espírito Santo pedindo a graça da prudência. A prudência compõe-se de: ponderação, consideração inteligente e propósito firme. Sempre a decisão final pertence a nós” (Diário, 1106).