Músicos segundo o coração de Deus

outubro 18, 2014

Tema: O Dom é um presente

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Quando procuramos o significado da palavra dom encontramos os seguintes significados: Dádiva, presente, dote natural, talento, prenda, aptidão, faculdade, capacidade, habilidade especial para fazer algo.

Sabemos que não há ninguém no mundo que não tenha recebidos dons do criador. Deus nos deu diferentes dons para que possamos enriquecer uns a vida dos outros. Algumas pessoas dizem com tristeza que não possuem dons, dizem não ter recebido nenhum dom, mas isso não é verdade, apenas algumas aptidões ainda não foram descobertas. Os Traumas e a baixa autoestima escondem muitas vezes grandes valores, grandes riquezas que temos dentro de nós. É muito triste ver alguém que não descobriu nenhum valor em si mesmo e vive mergulhado na amargura e no negativismo.

Aprendemos que dom é presente, é dádiva, então na verdade os dons que temos não tem relação com nossos méritos, não é porque você é uma grande pessoa que Deus te deu o dom de cantar, de tocar um instrumento ou mais instrumentos, de falar bonito, fazer belas pregações. Não é por méritos pessoais, entendem? Na verdade os motivos pelos quais recebemos os dons de Deus são ainda desconhecidos, é mistério que não temos conhecimento da revelação. As escolhas de Deus não são sempre compreensíveis, muitas vezes, não sabemos, nem entendemos, mas acolhemos com amor e gratidão e queremos fazer bom proveito dos presentes dados pelo nosso Pai Criador.

Há algo muito importante que quero partilhar com vocês. O meu DOM não me faz melhor que os outros. Tem gente que vive trocando os significados. Vez por outra vejo algum cantor se achando o “cara” ou a “cara”, menosprezando outros, se sentindo mais importante porque tem “aquela voz” ou toca “muito” aquele instrumento, achando que aquele talento tão especial que tem o faz estar numa condição superior aos outros. Que grande engano! Nossos dons nos levam a sermos mais humildes, pois devemos reconhecer que é presente de Deus e que nossa parte é administrar bem esse talento, multiplicá-lo, mas nunca deixar a soberba cegar nossos olhos e devemos ter sempre o cuidado para não ficarmos no dom em si, nosso dom é um meio, NUNCA um fim em si mesmo.

O mais lindo é saber que o meu dom não é meu, recebi para o outro, para fazer outras pessoas melhores, para servir ao outro. O dom não é minha propriedade, mas é de Deus, por isso ele não pode me levar a vaidade, arrogância ou prepotência, mais ao contrário deve me levar a humildade e a gratidão.
Que possamos pedir todos os dias a Deus que nos ilumine e nos faça pessoas simples, desapegadas, agradecidas a Ele e sempre dispostas a repartir com o outro o que de bom temos em nosso coração.

Deus abençoe a todos!

Fraternalmente,
Fabiana Paula


A inveja musical, veneno que corrói nosso ministério!

janeiro 9, 2014

Hoje quero partilhar com vocês sobre um tema muito adequado e pertinente para nós músicos que é a inveja. O inimigo nos bombardeia e nos tenta com muita força para que sintamos inveja e abramos as portas para todos os outros pecados que acompanham essa “cruel mamãe”.

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A inveja é um vício capital. Designa a tristeza sentida diante do bem do outro e do desejo imoderado de sua apropriação, mesmo indevida. Quando deseja um mal grave ao próximo, é um pecado mortal: “Santo Agostinho via na inveja o pecado diabólico por excelência. Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer causado pela sua prosperidade.” (São Gregório Magno)” (CIC 2539)

Na música ouvimos com frequência os seguintes murmúrios:

– Porque ela está cantando e não eu… Eu canto muito melhor…

– Esse cara não toca a metade do que eu toco e ninguém me chamou…

Que triste é saber que alguns se alegram quando veem um irmão desafinar, sentem um prazer em ver o constrangimento de um erro do outro. Algumas vezes risinhos e olhares quando a banda erra, o cantor erra, esquece a letra ou desafina e isso é motivo de alegria para alguns invejosos.

A inveja na música se dá muitas vezes quando vemos um dom especial no outro, uma qualidade, um potencial, uma vitória conquistada e isso nos entristece, nos incomoda, porque queríamos ter esse “dom especial”, quantos se enfurecem com os elogios e aplausos recebidos pelos outros pois o invejoso quer ser sempre o centro das atenções e odeia ficar de “coadjuvante” na história. Já vi pessoas tendo quase um “surto”, quase uma “crise de abstinência” musical porque tiveram que dividir o “palco”, ou melhor, sair um pouco de cena e deixar o outro “aparecer”. Tem gente que passa “cola” no microfone e não quer dividir com o outro.

A inveja é um dos sete pecados capitais, a palavra “Capital” vem do latim “Caput” que significa cabeça, então ela é a mãe de muitos outros como o ciúme, a fofoca, a mentira, a cobiça, a discórdia e a murmuração, por exemplo. Na tristeza pelo bem do outro, muitos iniciam uma luta contra o seu potencial “inimigo” gastando seu tempo precioso observando a vida do outro e espalhando seu veneno com difamações, sujando e denegrindo a imagem do outro, e o veneno é jogado de forma sutil e em pequenas doses. Pequenos comentários com um e com outro e o joio começa a ser lançado. De repente, quando menos se imagina um boato é espalhado e uma pessoa é manchada em sua dignidade.

Cuidado com o que comenta, com o que publica, com o que pensa ou imagina, pois muitas vezes você pode estar errado, cego pela inveja cria uma imagem totalmente distorcida de alguém e faz com que outros acreditem em sua inverdade. Um dos piores assassinatos é o da imagem do outro. Já aconteceu comigo, fui elogiar determinado músico e alguém me disse, “Ah, você diz isso porque não o conhece, ele é isso, isso, isso…” Fiquei perplexa e quase acreditei, um dia conheci a pessoa e vi que não era bem assim, bom, todos temos limitações, mas não era da forma como  me disseram.

O que fazer quando a inveja vem ao coração?

Sentir inveja no primeiro momento não necessariamente é pecado, pois todos nós sentimos em certas ocasiões de nossa vida, mas apenas o consentimento com esse sentimento, já abre o coração para o pecado. Alimentar essa inveja, deixar que ela entre, dar “asas a imaginação” é abrir as portas não só para a inveja, mas para toda a sua família.

Há um exercício que é difícil a princípio, mas depois vai se tornando mais fácil. Agradecer a Deus pelo dom do outro que eu não tenho, pois Deus não nos fez todos iguais, Deus tem e distribui uma diversidade de dons aos seus filhos e isso é lindo pois assim precisamos uns dos outros, ninguém é completo(por mais que alguns pensem que são), ninguém sabe fazer tudo e isso é muito importante. Para que você vença a tentação da inveja, a cura passa por um meio principal e fundamental que é a oração de AÇÃO DE GRAÇAS. Ela destrói o plano do maligno e faz justamente o contrário do que foi arquitetado pelo diabo. Ação de Graças, vem do grego Eucaristia(agradecer). Em grego obrigada se diz “Eυχαριστώ / Eukaristó”. Faça esse exercício, mesmo sem vontade, mesmo com o coração fechado, vale a pena, aos poucos o Espírito Santo vai quebrando e derretendo o gelo e o sentimento de inveja e tristeza pela vitória do outro vai passando.

Ele quer o povo de Deus desunido, competindo e em constante tensão. E nós queremos usar nossos dons para maior glória de Deus, por isso rezamos e torcemos pelo bem do outro. Devemos estar solidários quando o outro errar, dando força e apoio. Se você vê que tem muita gente cantando em “tal lugar” vá para outro que não tem ninguém, se não te chamaram para “tal lugar”, vá para aquele lugar distante e pobre que te chamaram, que precisa de sua evangelização, onde o povo tem sede e fome de Deus e você será muito útil. Para que querer ter fama e ser reconhecido pelas pessoas, quem deve ser amado e reconhecido é Jesus Cristo, você é apenas um portador da mensagem do Evangelho. Pare de olhar a vida outro do outro, seus projetos musicais, seus sucessos e bons êxitos. Reze e faça seus projetos mas não para aparecer, mostrar trabalho ou “dar o troco” e sim para fazer a vontade de Deus. Com todo carinho e amor, cuide de sua própria vida e verá que será fantástico, será uma libertação! Se for para entrar na vida do outro que seja para somar, para o bem do irmão, caso contrário não vale a pena.

Fico boba como tem pessoas que perdem seu tempo criticando cantores e bandas. Acho uma bobagem ficar escrevendo comentários negativos no you tube e em outras redes sociais. Vejo que há uma infinidade de pessoas que perdem seu tempo precioso criticando, ridicularizando e ofendendo bandas e cantores. Tem pessoas que abrem grupos em redes sociais para falar mal de tal ou tal cantor ou banda. Porque não abre um grupo para divulgar o cantor ou banda que você gosta ou que tem belas canções que tocam seu coração? É muito mais inteligente!

Pare de olhar para o quintal do vizinho e ficar invejando um quintal lindo, cheio de flores, árvores frutíferas, capim cortado e até uma linda horta, quando o seu está sujo e sem vida. Volte-se para seu quintal e mãos a obra. Cuide com amor do seu quintal, sem querer competir com o do seu vizinho, cuide do que é seu porque lhe foi confiado para que você administre. Plante flores, árvores, decore e verá como ficará lindo. Assim terão muitos quintais lindos, perfumados e todos sairão ganhando com uma rua, um bairro, uma cidade, um país bonito e bem cuidado.

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Multiplique o seu talento sem se preocupar com o talento do outro. Aprenda a dividir também, a silenciar e deixar o outro cantar e tocar. Não se apegue a um microfone ou a um instrumento musical, pois seu ministério é muito mais que isso: É partilha, solidariedade, amor, respeito, tolerância, é coerência com a proposta do Evangelho. Todas as vezes que a inveja bater a sua porta, mande-a embora com a oração de ação de graças.

“Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama… Se alguma virtude há, seja isso que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4.8)

Rezemos juntos:

Muito obrigado Senhor pelo dom do meu irmão (ã) que eu não tenho pela oportunidade dada a ele que ainda não chegou até mim. Agradeço-te pela vida e pelo dom do meu irmão (ã), mas também pelos dons que me destes, não quero esquecer dos talentos que me destes e pelas minhas qualidades e habilidades. Eu quero sempre me alegrar com o meu bem, mas de forma especial com o bem do outro e que a cada dia ele (ela) seja mais feliz e multiplique os talentos recebidos para maior glória e honra do Reino de Deus.

obrigado senhor

Fraternalmente,

Fabiana Paula


Músicos segundo o coração de Deus – Vida de intimidade com o Senhor

dezembro 27, 2013

Jesus orando

“E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.” (Mateus 14.23)

Hoje quero partilhar com vocês a importância do músico cristão ter uma vida de oração, de intimidade com Deus.

Lemos na Sagrada Escritura que Jesus subiu o Monte para orar, para conversar com o Pai, mas não só para falar, para ouvir também o que o Pai tinha a lhe dizer. Esse versículo nos diz que Jesus despediu a multidão e subiu o monte para orar a parte. Jesus acolhia e pregava para multidões e talvez alguns de nós também tenhamos nossas “multidões”, o público que nos escuta, nos acompanham e que gostam de nós, da nossa música, do nosso trabalho. Após cantarmos, tocarmos, pregarmos e  ficarmos com nossa “multidão”, precisamos nos apartar, nos afastar um pouco para conversar com Jesus e “recarregar as baterias”.

Gosto muito da série de livros escrita por Martín Valverde, intitulada: “Filho, antes que músico”. Um dos livros se chama: O silêncio do músico. É um convite a uma vida de oração e de escuta do Senhor. Muitos depois de após terem chegado aonde estão, escondem a escada pela qual subiram. Outros cantam o que não conhecem… cantam Jesus, suas maravilhas, seus milagres, seu amor, mas cantam um Jesus longe, distante, presente somente na Bíblia, mas não experimentam em sua vida. Agir assim é somente CANTAR, quando estamos em oração,  quando nos preparamos espiritualmente para ministrar a música, vamos além, cantamos algo vivido mesmo com limitações, mas não cantamos algo vago ou distante, cantamos algo vivido e experimentado, sofrido e em constante luta, pois levar a Palavra de Deus não é fácil, supõem renúncias, carregar a nossa cruz todos os dias, mas também ter a certeza que Jesus nos dá a vitória.

O Ministro de Música é alguém que tem intimidade com o seu Senhor. É como se a música fosse apenas uma consequência daquilo que ele vive em seu dia-a-dia. Sabe quando pedem que você fale de um grande amigo(a) e você lembra tantas coisas, detalhes e momentos vividos, pos assim deve ser nossa amizade com Jesus.

Sem oração, nossa música pode ser muito técnica, muito profissional, melhores vozes, melhores instrumentos, melhores equipamentos, mas não tem unção, pode ser muito afinada, cheia de modulações e cheia de belos e harmoniosos acordes, mas não toca o coração das pessoas, não as leva a um encontro com o Senhor, e é esse um dos objetivos da música cristã, alcançar os corações  e fazer com que as pessoas se aproximem mais de Deus e o amem mais.

Na verdade quando somos somente técnicos, as pessoas vão achar bonito, mas a beleza musical vai parar em nós, o mérito vai ser só nosso, quando cantamos em oração as pessoas levam consigo aquele momento como um marco, um momento único em sua vida. Voltam para suas casas renovadas por Deus, que é o único que pode fazer com que isso aconteça. Somos apenas portadores da mensagem da vida nova trazida por Jesus. Como é gratificante quando ouvimos alguém dizer: “Eu estava triste, deprimido ao ouvir aquela música tive forças para lutar, senti-me melhor e mais forte”. Sua música tem que ter esse poder, de transformar vidas, curar , salvar e libertar porque você não canta você, você canta a pessoa de Jesus Cristo que tudo pode fazer, por isso sua música deve ser cantada com poder e unção, não é uma música qualquer, mas sim é o som do Céu.

Sem oração as dificuldades da vida vão ficando cada vez mais insuportáveis, a convivência com os irmãos de ministério as vezes se desgasta, pois somos “nós” com nossas mazelas e quando o Espírito Santo não está no meio, o nosso humano fala mais alto e daí damos brechas para tantos pecados entrarem: a inveja, vaidade, ciúmes, intrigas e tantos outros… Quando estamos em oração, vamos sentir tudo isso também e muito mais,  mas teremos forças para vencer e ir superando cada um dos desafios.

Sem oração nossas carências e vícios vem à tona e fica quase impossível conviver com um grupo, por isso infelizmente tantos ministérios se acabam, amizades de anos são desfeitas e o lindo plano de Deus vai por água abaixo.

E o problema não foi ambição, vaidade, egocentrismo, intransigências, etc. Tudo isso vai nos acompanhar sempre,o problema é uma vida sem oração, sem espiritualidade, vivendo sem oração damos brecha para o inimigo de Deus entrar e fazer a sua festa.

Se você quer ser um ministro de música e quer que sua música alcance o verdadeiro propósito, deve aumentar seu grau de amizade, de intimidade com Deus. São muitas as formas de crescermos nesse amor. A Santa Missa, as adorações a Jesus Eucaristico, o sacramento da confissão, os atos de amor e piedade, a Leitura da Palavra de Deus, entre tantos. Busque cada uma dessas fontes e você verá o quanto seu ministério irá crescer e amadurecer.

Deixo para vocês  alguns pensamentos de Santa Faustina Kowalska, uma religiosa polonesa, que recebeu de Jesus a missão de difundir a devoção a Misercórdia. São pensamentos muito profundos e lindos sobre a oração, espero que edifique a vocês, da mesma forma que tem me edificado.

Deus nos abençoe e sigamos mesmo diante das dificuldades firmes e sempre ligados ao Senhor.

Fraternalmente,

Fabiana Paula

É pela oração que a alma se arma para toda espécie de combate. Em qualquer estado em que se encontre, a alma deve rezar. Tem que rezar a alma pura e bela, porque de outra forma perderia a sua beleza; deve rezar a alma que está buscando essa pureza, porque de outra forma não a atingiria; deve rezar a alma recém-convertida, porque de outra forma cairia novamente; deve rezar a alma pecadora, atolada em pecados, para que possa levantar-se. E não existe uma só alma que não tenha a obrigação de rezar, porque toda a graça provém da oração” (Diário, 146).

“…a alma deve ser fiel à oração, apesar dos tormentos, da aridez e das tentações, porque em grande parte e principalmente de uma oração assim depende, às vezes, a concretização de grandes desígnios de Deus. E, se não perseveramos nessa oração, transtornamos o que Deus queria realizar através de nós, ou em nós. Que toda alma se lembre destas palavras: E, estando em agonia, rezou mais longamente”(Diário, 872).

“A paciência, a oração e o silêncio – eis o que fortalece a minha alma. Há ocasiões em que a alma deve calar-se e não lhe convém conversar com as criaturas. São momentos em que não está satisfeita consigo mesma (…) nestes momentos vivo exclusivamente pela fé…” (Diário, 944).

“O silêncio é como a espada na luta espiritual (…) A alma recolhida é capaz da mais profunda união com Deus, ela vive quase sempre sob a inspiração do Espírito Santo. Deus opera sem obstáculo na alma silenciosa” (Diário, 477).

“Devemos rezar, muitas vezes, ao Espírito Santo pedindo a graça da prudência. A prudência compõe-se de: ponderação, consideração inteligente e propósito firme. Sempre a decisão final pertence a nós” (Diário, 1106).